Atitudes & Negócios por Ronan Mairesse

Psicopatalogia ou psicopatia. Não importa. É preciso prever antes que algo aconteça

Vejo com uma grande preocupação o que vem acontecendo no Brasil após o ataque covarde na escola de Blumenau que resultou na morte de quatro inocentes e ainda cinco feridos. Somente essa semana, quase 10 ocorrências aconteceram, sendo que cinco foram no Rio Grande do Sul. Graças a Deus as polícias e seus departamentos de inteligência, detectaram rápido e evitaram talvez mais ataques. Como graduando em psicologia, diversas pessoas desde o ocorrido no estado vizinho vêm me perguntando o que leva uma pessoa se transformar em um mostro psicopata.

Tenho respondido o que não podemos determinar se o assassino é ou não uma pessoa com transtorno antissocial. Por mais que várias características do individuo levem a crer que ele tem esse diagnóstico, é preciso ainda afastar outras psicopatologias, mas de toda a forma precisamos como sociedade conhecer melhor esses comportamentos para prever possíveis ameaças, com doenças mentais como também com psicopatia. 

Mas Ronan, ser psicopata não é uma doença? Não, é um transtorno de personalidade, um modo de ser do indivíduo. O psicopata sabe exatamente o que está fazendo e o grau que suas ações impactam o ambiente, ou seja, eles agem errado em relação a ética, a moral e as leis sabendo da gravidade que esse ato tem na sociedade. Pessoas com psicopatologias como esquizofrenia, por exemplo, escutam vozes, enxergam vultos, tem diversas paranoias que os levam a cometer crime.

Em resumo, a maior parte não tem ideia do que está fazendo. Segundo a psiquiatra Ana Beatriz Barbosa, aproximadamente 4% da população teria diagnóstico de psicopatia se fossem levados a passar por testes psicológicos. Imagine bem, um estádio como o do Grêmio e Inter, cabem cerca de 50 mil pessoas cada um, lotados teriam cerca de dois mil psicopatas. Possivelmente são esses que invadem gramado, brigam e entram com crianças dentro de campo para agredir juízes e jogadores.

Mas Ronan, quais as características dessas pessoas? Elas parecem pessoas normais como qualquer outros, têm trabalho, são casados, têm filhos. O que diferenciam eles é a total ausência de culpa, remorso e empatia. Se for preciso ferrar com alguém para ter dinheiro, poder e sexo, eles ferram com você sem piedade. Para você ter uma ideia, a porcentagem aumenta quando olhamos dentro das empresas, cerca de 20 a 30% dos líderes tem algum tipo de transtorno, seja ele narcisista seja ele antissocial. O narcisista tem praticamente as mesmas características de quem tem psicopatia, mas em uma intensidade menor. Agora, preciso deixar claro, nem todo o psicopata é um assassino, a grande maioria jamais cometeu nenhum crime, uma pequena parcela se torna um serial killer, por exemplo.

No caso do assassino de Blumenau, se ele for um psicopata, o objetivo dele era ter poder e reconhecimento, isso, acredite se quiser, alimentou o seu ego e ele se sentiu um Deus. Eu fiz um curso de extensão de psicologia criminal com um dos três maiores especialistas do Brasil, o professor Christian Costa. Nesse curso ele nos ensinou que qualquer pessoa pode cometer um crime para se defender, conquistar espaço, por raiva ou vingança, e às vezes matam sem ser um psicopata, ou seja, pessoas normais podem matar. Agora, imagine alguém que tenha a predisposição genética, ou seja, fruto de um lar sem afeto ou ainda os dois casos juntos. Desde a adolescência já é possível ver os sinais e esses eu acredito que devem ser mapeados e monitorados como uma espécie de proteção.

Nas empresas, para que não haja uma quantidade de pessoas com esses transtornos, é necessário investir em contratações cada vez mais assertivas com ajuda de bons entrevistadores e psicólogos e mesmo assim não será a certeza que não serão contratadas pessoas com esse diagnostico.

Quero concluir dizendo, já falei isso em outra matéria, sempre que eu saio das aulas de psicologia infantil, fico preocupado com as futuras gerações. A única forma que nós, pessoas comuns, temos para ajudar a sociedade a não produzir cada vez mais psicopatas é cuidando das nossas crianças, amando-as e dando afeto. Saiba que aqueles 50% que têm predisposição genética, pelo menos entenderão o que é certo e errado e isso talvez impeça outros crimes, já aquelas que não têm predisposição se forem amadas, jamais levantarão a mão para outra pessoa, porque quem cresce com amor, traz sempre dentro do peito a gratidão.

Ronan Mairesse

Consultor e Mentor organizacional

A mais de 10 anos ajudando empresas, líderes, atletas, clubes e seleções na busca da excelência!

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