Atitudes & Negócios por Ronan Mairesse

Pressão sim, Manipulação, não!

Uma das características mais importantes que um profissional em qualquer área deve desenvolver é a capacidade de aguentar a pressão. O mundo em que vivemos é maluco, duro e imprevisível. Se não aprendermos a trabalhar em momentos de forte cobrança podemos ser excluídos para novas oportunidades e o pior, do mercado como um todo.

Quem já passou por isso sabe o quanto no momento de pressão é preciso ter um bom plano, ouvir as pessoas ao nosso redor e principalmente ter a cabeça no lugar. Agora, o que desejo mostrar hoje é a diferença de momentos de pressão com a manipulação capaz de colocar em xeque a nossa própria saúde mental. Há alguns anos eu fui pego despreparado por um dos líderes mais narcisistas e tóxicos que já conheci em minha carreira. No início tudo estava indo muito bem.

Eu o havia ajudado a aumentar as vendas da empresa dele em mais de cinco vezes em apenas 10 meses. Estávamos fazendo um grande trabalho quando comecei a perceber que a minha saúde mental estava desmoronando. Ansiedade, dor no corpo, falta de sono, cansaço extremo e um desejo enorme de beber álcool. Realmente eu não estava bem, mas não percebia isso, pois a minha cabeça estava tão distraída quanto a eu mesmo que não estava enxergando o perigo debaixo do meu nariz.

Lógico que eu percebia que algo existia, mas eu encarava como pressão normal de trabalho, o que se mostrou mais tarde, quando abri a mente e os olhos para um tipo de manipulação que chamamos de “GASLIGHTING.” Nesse tipo de manipulação, o manipulador faz a vítima acreditar que falou, agiu ou fez coisas que na verdade não fez. Me lembro que a primeira ocorrência ele me fez acreditar em uma reunião que eu tinha gasto em uma atividade mais do que o limite estabelecido, coisa que não ocorreu. Me lembro que passei o final de semana analisando e-mails, whats e pessoas que conversei para ver se eu realmente tinha feito aquilo.

Praticamente não descansei aquele final de semana e quando provei que não tinha autorizado ele achou uma outra questão para fazer com que eu me sentisse culpado. Me lembro que em uma reunião individual, após bater a meta da empresa e chegar ao número de cinco vezes o que vendiam antes de iniciar a minha metodologia, ele afirmou que eu e ele não éramos organizados, éramos indisciplinados e poucos estratégicos. Escutei e concordei sem pensar.

Aquilo me pesou muito. Não sou e não posso ser desorganizado e indisciplinado. Eu já estava duvidando de mim mesmo e das minhas capacidades.

Certa vez, em uma outra reunião ele chamou a minha atenção na frente de todo mundo por eu ter dito algo que ele não concordava. O fato já seria muita falta de postura de líder me expor daquela forma na frente dos outros, mas o que eu e os demais achamos estranho é que eu não tinha falado o que ele acabara de me acusar. Naquele momento percebi que as neuroses dele o estavam atrapalhando no comando da empresa e que isso estava de alguma forma me afetando.

No dia seguinte, procurei uma psiquiatra e uma psicóloga que trabalham há anos comigo, fizemos o atendimento juntos por mais de duas horas para elas me ouvirem e me ajudarem a tomar decisões e para minha surpresa uma delas me perguntou: “Ronan, você não está vendo que isso não é pressão e sim que você esta sendo manipulado por um narcisista com sério problemas?” Quando ela me faz a pergunta, foi como se abrisse um janela bem na minha cara.

Juro que me senti envergonhado e ao mesmo tempo com raiva de mim mesmo. Estudo psicologia e a alma humana há mais de dez anos e não tinha percebido a maldade. Aquilo foi duro. Pensei, se eu fui manipulado dessa maneira, como ficam os outros que não entendem nada de psicologia?

Ali eu percebi na pele o quanto um líder perverso pode destruir a nossa saúde mental. Desde aquela experiência infernal, busquei cursos que ensinam a perceber narcisistas, sociopatas e psicopatas pelo meu caminho, tanto para me proteger quanto para ajudar pessoas como você que está lendo para se libertar desse tipo de gente, pois se eles não têm empatia, sentimento de culpa pelas maldades que fazem e remorso por ver a gente sofrendo, temos que saber nos afastar o quanto antes para não, aí sim, nos tornarmos psicopatologicamente doentes mentais.

Ronan Mairesse

Consultor e Mentor organizacional

A mais de 10 anos ajudando empresas, líderes, atletas, clubes e seleções na busca da excelência!

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