Saiba mais sobre a vacina testada contra o coronavírus que terá colaboração do Brasil na produção

Trabalho é desenvolvido pela Universidade de Oxford e pelo laboratório AstraZeneca.

29/06/2020

Por Clic Paverama | contato@clicpaverama.com.br | Clic do Vale
Em Saúde e Bem-estar

No último sábado dia 27, o Brasil anunciou um acordo para produzir até 100 milhões de doses de uma vacina que está sendo testada contra o coronavírus. O país irá auxiliar nas experiências e na produção da possível imunização desenvolvida pela Universidade de Oxford e pelo laboratório AstraZeneca. Conhecida como ChAdOx1 nCoV-19, a vacina é considerada uma das mais promissoras do mundo entre as mais de 200 sendo pesquisadas. Apesar disso, ainda não há a garantia de que ela é segura nem eficaz.

O acordo, fechado com a Universidade de Oxford e o laboratório farmacêutico AstraZeneca, prevê a compra de lotes e a transferência de tecnologia, envolvendo participação do Brasil na produção e no desenvolvimento da possível vacina. Nesta fase inicial, os dois lotes a serem disponibilizados à Fiocruz, de 15,2 milhões de doses cada, deverão ser entregues em dezembro de 2020 e janeiro de 2021.

Segundo o acordo de US$ 127 milhões, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) vai adquirir a tecnologia e os insumos para a produção da vacina. O secretário-executivo do Ministério da Saúde, Elcio Franco, disse que o acordo dará ao Brasil uma vantagem caso a vacina se revele eficaz e segura. Se demonstrada eficácia, o governo federal afirma que o país terá 100 milhões de doses à disposição da população.

Confira o que se sabe sobre a vacina até agora:

Testes estão adiantados:
Soumya Swaminathan, cientista-chefe da Organização Mundial da Saúde (OMS), declarou na última sexta-feira (26) que a ChAdOx1 nCoV-19 é a "melhor candidata" a ter seu funcionamento garantido, pois está na fase mais avançada de testes. Isso não garante, entretanto, a sua eficácia.

Acordo para testes no Brasil:
Desde o dia 20 de junho, pesquisadores brasileiros começaram a administrar a vacina em voluntários. No Brasil, estima-se que cinco mil pessoas entre 18 e 55 anos serão vacinadas nesta fase de teste. O país foi escolhido porque é um dos locais onde o vírus está se espalhando mais rapidamente. O objetivo da pesquisa é anunciar o resultado dos estudos sobre a eficácia da vacina em setembro.

Os primeiros testes em brasileiros iniciaram em São Paulo, sendo coordenado pelo Centro de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE) da Unifesp. As testagens também serão realizadas no Rio de Janeiro e no Nordeste.

Parte de tecnologia será desenvolvida na Fiocruz:
Parte da tecnologia de distribuição no país sera? desenvolvida pela Fundac?a?o Oswaldo Cruz (Fiocruz), que será preparada para fabricar doses. Na fase inicial, o Brasil assume também os riscos da pesquisa. Serão 30,4 milhões de doses da vacina, no valor total de US$ 127 milhões, a serem distribuídas entre dezembro de 2020 e janeiro de 2021. 

Governo alerta: imunização ainda não é considerada segura nem eficaz:
O governo reconhece que a vacina ainda não é considerada segura nem eficaz. Se a vacina for liberada para uso em massa e tiver o registro no Brasil, serão mais 70 milhões de doses para distribuição a partir do Sistema Único de Saúde (SUS). Cada dose terá o valor estimado em US$ 2,30.

Caso não seja comprovada a eficácia, o secretário de Vigilância em Saúde informou que não haverá aplicação da vacina, mas que permanece a transferência de tecnologia prevista no acordo para continuar avaliando soluções de tratamento.

Como o nome foi escolhido:
A segunda parte do nome da ChAdOx1 nCoV-19 faz referência ao combate à Covid-19, enquanto a primeira menciona outro vírus. O ChAdOx1 é um adenovírus (grupo de vírus que normalmente causam doenças respiratórias) causador de uma variação do resfriado comum, que pode infectar chimpanzés, mas que não se multiplica no corpo humano.

Como funciona a possível imunização:
O ChAdOx1 já foi utilizado para combater outro coronavírus, causador da Mers (sigla para Síndrome Respiratória do Oriente Médio), resultando em uma vacina batizada de ChAdOx1 Mers. Desta vez, a técnica está sendo replicada para combater o Sars-Cov-2, causador da Covid-19.

Os pesquisadores incluíram o material genético do Sars-Cov-2 ao ChAdOx1. No caso, foram incluídos os genes responsáveis pela produção da proteína Spike, que dá ao coronavírus o seu formato de coroa de espinhos. Essa proteína é essencial para que vírus penetre nas células humanas ao realizar a ligação com um receptor chamado ACE2 (enzima conversora de angiotensina 2), que o vírus utiliza para entrar nas células.

A vacina tem como finalidade proporcionar uma forma mais segura ao organismo de entrar em contato com a proteína Spike, para que possa ser realizada uma respostas imunológica necessária. Então, quando o causador da Covid-19 infectar a pessoa, o organismo dela deverá reconhecer a proteína e ter as defesas adequadas.

Possíveis efeitos colaterais:
Os efeitos colaterais de vacinas feitas a partir do ChAdOx1 costumam ser leves e temporários, podendo causar dor no braço, dor de cabeça ou febre. Até o momento, não há relatos sintomas mais graves ou permanentes. Com a ChAdOx1 nCoV-19, 10% das pessoas poderão apresentar um quadro gripal, com febre de leve a moderada, por até dois dias.

Tempo de imunização:
De acordo com informações da farmacêutica AstraZeneca, a vacina contra a Covid-19 fornecerá proteção contra o vírus por cerca de um ano, caso seja comprovada a eficácia.

Em que fase está a pesquisa?
A ChAdOx1 nCoV-19 está na fase de testes clínicos em larga escala, que é a última etapa (fase 3). Antes, a vacina já foi testada em animais (fase 1) e em pequenos grupos de pessoas (fase 2). Até o momento, nove mil pessoas já receberam doses. O objetivo dessa pesquisa é identificar se a imunização é segura para o consumo humano. Agora, o objetivo é constatar sua eficiência.

Ao todo 50 mil pessoas serão testadas em todo o planeta, em localidades como Estados Unidos, Reino Unido e África do Sul.

Quando ficará pronta?
Ainda não há previsão sobre quando a possível vacina estará disponível para a população. Os estudos clínicos podem levar pelo menos um ano. No Reino Unido, esses testes já acontecem há um mês e meio. Conforme os pesquisadores, a expectativa é ter o resultado da sua eficiência entre outubro e novembro. Se a vacina tiver sua eficiência comprovada, os primeiros lotes poderiam ser disponibilizados entre deze
mbro e janeiro. 

GaúchaZH