Programa de Sucessão Familiar Languiru

Aula de maio propõe estudo sobre tendências e indicadores.

02/06/2019

Por Clic Paverama | contato@clicpaverama.com.br | Clic do Vale
Em Agricultura e Meio Ambiente

Compreender perspectivas para executar uma leitura confiável do agronegócio mundial, sobremaneira que desperte a capacidade de tomar decisões analisando movimentos econômicos, políticos e sociais. Esses foram os objetivos do décimo encontro do Programa de Sucessão Familiar Languiru, realizado no mês de maio, na Associação dos Funcionários da Languiru. O professor Martin Schultz relembrou técnicas de organização financeira da propriedade rural e orientou o grupo sobre “Tendências e Indicadores”.

Agricultura familiar no combate à fome:

Schultz lamentou que mais de 800 milhões de pessoas ainda passam fome no mundo, de acordo com o último relatório da Organização das Nações Unidas (ONU), em 2016. Alertou que existe uma forte desigualdade entre a capacidade de produção e a demanda por alimentos. “A fome voltou a crescer no mundo após mais de uma década de queda”, comentou. O professor deixou os jovens impressionados com dados do Banco Mundial: a projeção de nove bilhões de habitantes até 2050 demandará um aumento de 120% do consumo de carnes e de 148% do consumo de soja. Nesse sentido, destacou a importância dos agricultores familiares, que ainda são responsáveis por produzir 80% dos alimentos no mundo, conforme a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO). “Isso comprova que os processos não são tão mecanizados quanto achamos e evidencia a importância das pequenas propriedades rurais”, analisou.

Por meio de dinâmicas, jovens opinaram sobre tendências do agronegócio.Créditos: Éderson Moisés???????

Potencial brasileiro:

O professor destacou que a agricultura familiar brasileira é responsável por 70% da produção nacional de alimentos e pela geração de sete a cada dez empregos, segundo estatísticas da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Ressaltou que somos o país que mais protege a vegetação nativa, conforme levantamentos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e da Agência Espacial Americana (Nasa). “A área cultivada responde por apenas 7% do território agriculturável e a área preservada representa 66% da extensão territorial. A Rússia disponibiliza 9,1% para a produção agropecuária, os Estados Unidos utilizam 18,3% e a China 17,7%. Já os países europeus usam entre 45% e 65% do seu território para a agricultura. A Embrapa estima que o Brasil se sobressai em relação a todos os outros, podendo ainda explorar, no futuro, mais 115 milhões de terras cultiváveis”, enalteceu.

Futuro:

Schultz observou que estamos passando pelo início de uma nova era, marcada por soluções digitais e tecnológicas e pela preocupação com a sustentabilidade. Projeta que tratores autônomos, drones e robôs guiados por aparelhos de celular e tablets permitirão a produção agrícola 24 horas por dia, todos os dias da semana, informando os dias críticos para a colheita sazonal. “A integração de inteligência artificial, imagens de satélites e de softwares sofisticados para a agricultura de precisão vão melhorar a tomada de decisões”, prenuncia.

Ele avalia que os compradores e consumidores finais de países ricos estão cada vez mais dispostos a pagar mais por alimentos de alta qualidade, produzidos de forma ambientalmente sustentável e com identidade preservada. “As tecnologias agrícolas vão permitir atender este público, fazendo com que eles transformem commodities em alimentos especializados, orgânicos e funcionais”, prevê.

Conforme o professor, um quarto de todos os solos agro cultiváveis do mundo está em processo de degradação relativamente avançado. Observou que a grande exploração de aquíferos, rios e lagos para irrigação está esgotando os recursos hídricos em ritmo acelerado. “Podemos esperar a exacerbação da instabilidade climática com secas mais longas e mais duras, inundações e geadas mais frequentes e mais intensas”, advertiu.

Schultz pondera que o uso de microbiologia de plantas e inovações para garantir a fixação e a utilização de nitrogênio reduzirão o uso de fertilizantes sintéticos e de defensivos químicos, diminuindo a emissão de gases do efeito estufa e a poluição das águas. “O foco na saúde do solo é a nova meta da agricultura”, destacou.

Também entende que a colaboração via cooperativismo, parcerias estratégicas, atração de capital de risco, uso de empresas incubadoras e de redes colaborativas são essenciais para o desenvolvimento da agricultura e de outros setores econômicos. “O esforço individual das empresas não é o suficiente para garantir grandes transformações e ganhos de produtividade”, justificou.

Leandro Augusto Hamester/AI Languirú