Pandemia de Covid-19 elevou consumo de antidepressivos e ansiolíticos em Teutônia, aponta estudo
Entre 2019 e 2020, o uso de antidepressivos cresceu 82,2%.
18/07/2025
Por @ClicdoVale | contato@clicdovale.com.br
Em Saúde e Bem-estar
A pandemia de Covid-19 trouxe impactos profundos não apenas na saúde física, mas também na mental. Um estudo realizado por Bruna Cintia Ijorski Kruger, diplomada em Farmácia pela Universidade do Vale do Taquari - Univates, revelou um aumento no uso de antidepressivos e ansiolíticos em Teutônia, no Rio Grande do Sul.
A pesquisa, que analisou dados de uma farmácia local entre 2019 e 2022, mostrou que o isolamento social, as incertezas econômicas e o medo da doença contribuíram para uma crise de saúde mental, com destaque para o crescimento do consumo desses medicamentos entre mulheres e adultos jovens.
O estudo incluiu aplicação de questionário a 98 usuários de antidepressivos ou ansiolíticos e uma análise documental dos registros de dispensação da farmácia. Os resultados indicaram que 65,3% dos entrevistados estavam na faixa etária de 21 a 50 anos, sendo as mulheres as mais afetadas, representando 55,1% dos casos. Além disso, 78,6% dos participantes já faziam uso desses medicamentos entre 2 e 3 anos, mas 92% relataram que a pandemia aumentou a necessidade de consumo.
Os números são expressivos: entre 2019 e 2020, o uso de antidepressivos cresceu 82,2%, com destaque para escitalopram (15,3% dos usuários) e sertralina (12,2%). Já os ansiolíticos tiveram um salto de 210,1% no mesmo período, liderados por clonazepam e alprazolam. Em 2021 o consumo atingiu seu pico, com 41.430 unidades de antidepressivos e 12.810 de ansiolíticos dispensados. Embora tenha havido uma leve redução em 2022, os números permaneceram acima dos níveis pré-pandemia.
Os motivos para esse aumento estão diretamente ligados aos efeitos da pandemia. Entre os entrevistados, 67,9% afirmaram que precisaram aumentar a dose dos medicamentos durante esse período. O isolamento social foi apontado como o principal fator (74%), seguido por preocupações financeiras (34,8%) e casos de luto (12,3%).
A pesquisa ressalta que esse cenário não é exclusivo de Teutônia. Dados do Conselho Federal de Farmácia (CFF) mostram que, em 2020, o Brasil registrou um aumento de 17% na venda de medicamentos controlados, com os ansiolíticos liderando o crescimento (59%). Estudos internacionais também apontam padrões semelhantes em outros países, relacionando o fenômeno à deterioração da saúde mental durante e após o isolamento.
Apesar dos dados amplos, o estudo tem limitações, como a amostra restrita a uma única farmácia e a possível subnotificação devido ao estigma ainda associado aos transtornos mentais. Além disso, muitos entrevistados relataram que gostariam de ter tido acesso a terapias não medicamentosas, mas não conseguiram.
Como conclusão, a pesquisa defende a ampliação de políticas públicas voltadas para a saúde mental, incluindo mais acesso a atendimento psicológico na atenção básica e campanhas de conscientização. O papel do farmacêutico também é destacado, já que esses profissionais podem orientar sobre o uso racional de medicamentos e alternativas terapêuticas.
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