O ensino superior no Rio Grande do Sul passou por transformações marcantes nas últimas duas décadas, com destaque para o crescimento contínuo da educação a distância (EaD) e mudanças no perfil de ingresso e matrícula dos estudantes.

As informações constam em duas Notas Técnicas divulgadas nesta terça-feira, dia 19, pelo Departamento de Economia e Estatística (DEE), vinculado à Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão (SPGG).

Segundo os estudos elaborados pelo pesquisador Lívio Luiz Soares de Oliveira, entre 2000 e 2022, a EaD apresentou expansão constante, enquanto a graduação presencial registrou crescimento até 2015, ano em que atingiu seu pico histórico, seguido por queda contínua até 2022. Em 2019, o número de ingressantes em cursos EaD superou os presenciais, e, em 2022, a mesma tendência se confirmou nas matrículas: 316.642 estudantes optaram pela EaD, ante 259.423 em cursos presenciais. Entre os novos ingressantes, 74,4% escolheram a EaD.

A análise aponta ainda que a taxa de escolarização líquida da graduação — que mede a proporção de jovens de 18 a 24 anos matriculados — alcançou 26,6% em 2022, aproximando-se da meta de 30% que caracteriza um sistema de ensino massificado, embora ainda fique abaixo do objetivo do Plano Nacional de Educação (PNE) de 33% para 2024. No mesmo ano, a participação de matrículas no sistema público representou 37,13% do total, registrando crescimento de 107,5% desde 2000.

Entre os fatores que influenciam a escolha dos cursos estão interesses individuais, condições socioeconômicas familiares, políticas públicas como Prouni e Fies, prestígio da instituição, infraestrutura e modalidade de ensino. Em termos de cursos mais procurados, Medicina lidera na rede pública presencial, Administração é destaque na rede privada presencial, e Pedagogia se mantém como preferência na modalidade EaD, tanto na rede pública quanto na privada.

O crescimento do ensino superior no RS, sobretudo impulsionado pela expansão da EaD e de instituições privadas, traz desafios importantes. Entre eles estão a plena representatividade feminina e a redução das desigualdades raciais, uma vez que estudantes brancos e amarelos ainda estão sobrerrepresentados, enquanto pretos e pardos seguem sub-representados, apesar de uma diminuição das disparidades no período analisado.

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