“Estamos na terceira geração e acredito que temos de abrir espaço para que os jovens possam também ter voz ativa na propriedade. Pra que eles tenham poder de decisão.” A fala do agricultor Milton Luís da Costa, de Bom Retiro do Sul, durante a abertura da terceira edição do Curso de Empreendedorismo e Desenvolvimento para a Juventude Rural, ocorrida na última terça-feira (10/06), em Teutônia, sintetiza o objetivo central da iniciativa: preparar a nova geração para assumir, com protagonismo, seu papel no meio rural.

A capacitação, que segue até novembro com encontros mensais, é promovida pela Emater/RS-Ascar em parceria com o Colégio Teutônia e as cooperativas Sicredi e Certel. O curso reúne 20 jovens de municípios como Bom Retiro do Sul, Cruzeiro do Sul, Montenegro, Muçum, Santa Clara do Sul e Teutônia.

Milton é pai de Arthur Henrique da Costa, de 18 anos, um dos participantes do curso. “Minha ideia aqui é ampliar os conhecimentos para que possa contribuir na rotina da propriedade”, comenta o jovem da comunidade de Pinhal. Em sua propriedade, a família trabalha com suinocultura, lavouras e criação de gado de engorda.

Durante a abertura, a socióloga Ana Cândida Barth, da Emater/RS-Ascar, provocou os participantes com reflexões sobre pertencimento, geração de renda, dignidade e qualidade de vida no campo. “Como acolher essa mão de obra cheia de aspirações, de desejos e de sonhos que podem ser diferentes dos nossos?”, questionou.

A formação é baseada na Pedagogia da Alternância, com foco no desenvolvimento de projetos agropecuários a partir da realidade dos jovens e de suas propriedades. “Queremos formar uma nova geração de agricultores, com conhecimento técnico, visão empreendedora e capacidade de decisão”, explica a extensionista Elizangela Roso Teixeira.

No segundo dia do primeiro módulo, realizado na quarta-feira (11/06), os alunos visitaram a propriedade da jovem Sabrina Petter, em Fazenda Vilanova, ex-aluna da primeira edição do curso. Aos 23 anos, ela segue dedicada à produção leiteira, junto com os irmãos, pais e tios. A visita fez parte de uma atividade de Diagnóstico Rural Participativo (DRP), onde os jovens discutiram a rotina da família, mapearam a propriedade e refletiram sobre seus próprios contextos.

O extensionista Everaldo da Silva também apresentou a ferramenta FOFA (Fortalezas, Oportunidades, Fraquezas e Ameaças), estimulando a análise crítica das propriedades dos participantes.

Além das atividades práticas e oficinas, a programação conta com palestras como a ministrada por Diego Barden dos Santos, com o tema "Cenários da Agricultura Familiar: Sistemas Agrários e Oportunidades de Empreendedorismo", e relatos de experiências, como o de Alessandra Schneider, de Teutônia, que compartilhou os desafios da implantação de uma estufa de tomates.

Na abertura, representantes das instituições parceiras destacaram a importância da iniciativa. “Sabemos que é um desafio árduo, mas esse conhecimento vai transformar realidades”, afirmou Fabiane Dentee Wommer, diretora do Colégio Teutônia. Ismael Carlos Joanella, do Sicredi, reforçou: “Que esse conhecimento seja multiplicado”.

Daniel Luiz Secchi, vice-presidente da Certel, destacou a importância da união entre juventude e experiência. “Quando os dois lados se escutam, o resultado é o melhor”, disse. Já Marcelo Brandoli, supervisor da Emater/RS-Ascar, lembrou: “Nada disso seria possível sem a união de tantas mãos”.

A programação seguirá nos dias 23 e 24 de julho com novos encontros, fortalecendo vínculos e preparando o caminho para que esses jovens possam sonhar e realizar no campo.

E ao pensar no futuro de seu filho, Milton foi direto: “Que ele tenha muito sucesso e que seja muito feliz.” Um desejo que une todos os envolvidos neste projeto transformador.

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